Vulva não é tudo igual. E bora celebrar as vulvas reais!
Será que existe vulva ou vagina perfeita?
É fácil cair na armadilha de olhares e julgamentos estéticos. Então, sempre é bom lembrar que os padrões contemporâneos são, de fato, inalcançáveis.
Até mesmo nossas partes íntimas parecem precisar seguir um padrão e se adequar a um imaginário que, convenhamos, quase sempre não condiz com a realidade.
Mas se tanta gente não se encaixa no padrão estético, de onde vem tanta necessidade de ter uma vulva impecável? Será que existe um número limitado na genética das ppks? Tudo que está fora disso precisa ser modificado? E existem diferentes formatos de vaginas?
Esse artigo da CLMX procura entender por que devemos questionar certas imposições de beleza e por que não existe isso de uma vagina/vulva perfeita ou padrão.
A busca (irreal) pela vulva perfeita
Vulvas vêm em diferentes tamanhos, cores e combinações. A nossa genética não segue um padrão. Ela é uma grande mistura e apesar de que em alguns aspectos nossos hábitos podem afetar a região íntima…a verdade é que essa parte estética depende pouquíssimo da gente.
Sim, alguns fatores hormonais podem levar, por exemplo, os pequenos lábios a se tornarem mais escuros. Existe também a depilação, que pode escurecer a pele da vulva devido a irritações. Mas nossa contribuição para que nesse tipo de coisa ainda é bem pequena.
Então, vamos responder uma pergunta-chave: quem é essa tal de ppk perfeita? Como ela é construída e principalmente de onde ela vem?
Bem, se formos começar a descrever a vulva perfeita, precisamos começar pelo item mais desejado: a depilação zerada. E não basta estar só sem pelos! É preciso estar completamente lisa, como se os pelos nunca tivessem aparecido. Além disso, não pode ter manchas de depilação, falhas e nem nada do gênero. Ela precisa ser rosa, suave e uniforme.
Depois, existe o problema dos lábios maiores e menores. Há quem pense o absurdo e almeje uma vulva perfeita com os lábios internos curtos e, fora isso, simétricos; clitóris não pode ser grande e precisa ser recolhido, não “para fora”; e, para os mais antiquados e machistas, com hímen intacto como uma virgem.
Uma lista de horrores. E é tanta coisa pra se preocupar que mal sobra tempo pra curtir. E todas essas preocupações entram em questão logo no momento em que nosso corpo devia se dedicar apenas a sentir prazer. Levanta a mão quem nunca se perguntou se pelo menos a depilação estava em dia antes daquele date? A ansiedade de performance vem aí, hein.
Infantilização e a procura infinita por uma castidade inexistente
Então, vamos introduzir uma péssima notícia: A verdade é que a vulva perfeita não é uma vulva adulta.
Vulvas reais e adultas têm pelos, e quando não tem pêlos devido a depilação, bem, existem marcas de que algo foi retirado. O aumento por cirurgias de restituição do hímen ou por uma padronização dos lábios internos e externos da vagina busca retomar uma castidade já perdida pela experiência adulta.
E, bem, a pornografia, anúncios, redes sociais e outras mídias tem um grande papel em expectativas irreais sobre o sexo e sobre nossos corpos. Não falando apenas da parcela masculina cis da população. Mesmo quem tem vulva acaba criando expectativas irreais sobre si quando consome mídias que só mostram aquele tipo de corpo. Segundo uma pesquisa publicada na revista Psychol Women Q, esses fatores têm grande impacto na insatisfação das mulheres com a própria aparência genital.
Uma vulva perfeita custa milhões
Clareadores, cirurgias, depilação… Os produtos para tornar a vulva perfeita estão aí e a procura por eles aumenta cada vez mais. E esses procedimentos não custam barato. Uma labioplastia (cirurgia para alterar a estética dos lábios menores) custa de 8 mil reais até 17 mil.
A questão não é moralismo ou beleza natural
A questão é se perguntar: se eu quero isso, porque eu quero e sou eu que quero ou o outro? Esse exercício é complicado. É necessário retirar camadas de preconceitos que temos com nosso corpo.
E é preciso se perguntar de onde vem essas neuras e padrões impostos. Coisas como um hímen rompido, um conceito puramente ideológico, não deveriam impedir você de se sentir bem com a sua vagina. A cor e os pelos da vulva não deveriam incomodar e não deveriam levar ninguém a não sentir prazer. E definitivamente, nenhuma estética deveria te levar a sentir vergonha de si.
Aula de anatomia: o que é o quê na nossa vulva?
Depois de toda essa conversa, que tal a gente ver o que tem numa vulva/vagina normal? Uma vulva real e normal, é uma vulva saudável, com toda a sua anatomia correta e funcional, sem provocar dor ou desconforto.
Na anatomia de uma ppk normal nós encontramos:
- A vulva, que é toda a área externa na nossa ppk, onde encontramos o clitóris, o monte púbis, lábios maiores e menores, o vestíbulo e as glândulas vestibulares. Sua função é proteger nossa vagina e secretar lubrificação e fluídos quando necessário;
- A vagina, que é a parte interna da nossa vulva, um tubo que pode medir até 9cm e que vai até o colo do útero;
- Algumas veias e nervos que estão na parte inferior da vagina;
E quais os diferentes tipos de pepeca que existem?
Muitos! Com os lábios menores mais escuros, maiores, menores, desiguais ou simétricos, com pelos encaracolados ou lisos, com a cor uniforme, com a textura lisa… A verdade é que a genética pode
nos dar diversos formatos e tipos de pepecas. Não só 5 tipos, como tem muitos lugares por aí informando. E o certo é se divertir e se entender com o seu corpo. Não existe isso de vulva normal ou não. Todas as ppks são lindas e a sua também é.
Finalizando…A sua ppk é normal!
Se a sua vagina/vulva tem essas coisas e ela é saudável, você tem uma vagina/vulva normal. Mesmo que ela tenha os pequenos lábios um maior que o outro, tenha muito ou pouco pêlo, seja completamente uniforme na cor ou não…As vulvas são plurais, não padronizadas como nos fazem achar. E desde que você esteja saudável e sem dor ou desconforto, não é necessário mudar para se adequar a uma estética que quase ninguém tem. Bora celebrar todos os tipos de vulva!
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