O que entendi sobre sexo sendo bissexual
Nesse Dia da Visibilidade Bissexual, queremos te convidar a transcender rótulos e mergulhar nas múltiplas camadas que formam nossas identidades. Chamamos Jul para compartilhar o que sua vivência como pessoa bissexual lhe ensinou sobre a fluidez dos desejos, complexidade do amor e o encontro consigo mesme.
Habitar o espaço entre fronteiras
Ser bissexual é habitar um território de fronteiras. É transitar sobre a linha tênue que separa o conhecido do indefinível. É existir entre dualidades (e entre todas as nuances), sem jamais pertencer inteiramente a nenhuma delas.
O Enigma do desejo
Aprendi com a bissexualidade que minha vida sexual não é uma fórmula a ser resolvida, mas um enigma a ser vivido, experimentado e sentido. E que sexo não se resume apenas a um encontro entre corpos, mas é um diálogo entre almas, onde cada um traz sua própria linguagem, ritmo, e suas próprias necessidades.
Uma nova linguagem
Aprendi que o sexo é uma forma de comunicação que vai além das palavras, onde o toque, o olhar e o respirar se trasmutam em uma linguagem única, que só pode ser compreendida por quem está disposto a ouvir.
Mapeando sensações
Descobri com a bissexualidade que o sexo é uma exploração continua, onde o mapa nunca está completo, sempre há um novo caminho a ser traçado, uma nova sensação a ser descoberta. Ser bissexual me deu a liberdade de explorar essas possibilidades sem me prender a expectativas ou normas. Aprendi a valorizar a diversidade dos corpos, das expressões e das formas de amar, a perceber que cada encontro é único e traz uma nova dimensão ao meu entendimento de intimidade e que o prazer sempre pode ser encontrado em lugares inesperados.
As dimensões da liberdade
Ser bissexual é entender que o prazer não se limita a um gênero (ou dois) muito menos uma fórmula específica: prazer é território em constante expansão, onde cada descoberta é um passo em direção a uma verdade mais profunda sobre quem se é e o que te move no mundo.
Apesar do sempre presente peso da incompreensão dos outros, na minha busca por respostas encontrei a profundidade dos questionamentos, e quiçá a capacidade de apreciar o belo pelo simples fato de ser um ser humano e sentir desejo, afeto e amor por outro ser humano.
Além do binário
Descobri ao longo da vida que minha essência e minha orientação sexual (assim como minha identidade de gênero) não se resumem em escolhas binárias, mas em uma complexidade que se expande e se contrai, que se transforma a todo momento. Ser bissexual me ensinou a aceitar a efemeridade da vida, ao perceber que o meu desejo não se prende a rótulos, mas flui: sempre em movimento.
Plenitude
Aprendi a me aceitar em minha incompletude, aprendi que a verdadeira liberdade está em saber que não preciso chegar em algum lugar fixo, mas sim, simplesmente ser e viver meus desejos de acordo com o que sinto.
Sexo como autoamor
Mas acima de tudo, aprendi que o sexo, quando vivido com autenticidade, é uma forma de autoaceitação e de amor-próprio. É um ato de se reconhecer no outro e de se permitir ser reconhecide, sem medo ou vergonha. É um espaço onde posso ser vulnerável e forte ao mesmo tempo, onde posso me perder e me encontrar, onde posso ser plenamente quem sou e a partir desse contato visceral consigo mesme, amar, desejar e se deleitar no encontro com um outro.
Celebrar
Sendo bissexual, o sexo se tornou uma celebração da minha complexidade, um reflexo da minha capacidade de amar sem barreiras, sem fronteiras, sem restrições. O sexo se tornou uma dança em que cada passo me leva mais fundo no meu próprio ser, revelando camadas que talvez nunca tivessem sido exploradas se eu não tivesse permitido que o meu desejo seguisse seu curso natural. A bissexualidade segue me ensinando o caminho até mim e o caminho da conexão com o outro, todos os dias.
Escrito por Jul Burin, colaboradore da Climaxxx.
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