o que é descentering men?
Heteropessimismo, soca fofo, reclamar do marido. Falar mal de homem é quase um estado de espírito, e pode ser bastante libertador.
Mas e quando os nossas conversas de amigas ficam recheados com o tema homem & relacionamentos, se tornando monotemáticos? Devemos esperar por isso mesmo, ou é mais uma cilada?
No ep 1 da segunda temporada de Sex And The City a personagem Miranda chega para tomar o ritualístico café da manhã e conversar entre amigas. Quando chega na mesa, os assuntos são os mesmos: as bolas do boy da Charlotte, o ex da Carrie e o micropênis do último affair de Samantha. Miranda não se controla e fala:
“tudo que nós temos falado é sobre Big, bolas ou pintos pequenos. Como que quatro mulheres tão inteligentes não tem mais nada para conversar sem ser namorades? E nós? O que pensamos, sentimos, sabemos…?”
A frase que os roteiristas pensaram para Miranda em 1999 encontra um espaço muito maior para ressoar hoje, 25 anos depois. Estamos exaustas, acumulamos responsabilidades, somos o novo mercado de trabalho, mas mesmo assim a pauta de relacionamentos com homens parece ainda ocupar o lugar destaque no papo e na vida da mulher hétero. Mas por que?
Viver sob o patriarcado – um sistema sociopolítico que insiste que os homens ocupem posições de domínio e privilégio – significa que muitas mulheres são socializadas para dar prioridade aos homens desde muito novas, ansiando pela sua atenção e desejando validação de maneiras que nos prejudicaram e continuam a nos prejudicar até hoje.
Além disso, fomos ensinadas a dar uma importância desproporcional para nossos relacionamentos românticos em comparação a todos os outros. Não me leve a mal, não estou dizendo que o amor não importa: mas quando colocamos no outro a resposta da maior parte das nossas satisfações emocionais a probabilidade de dar ruim é imensa.
"eu fui a melhor coisa que aconteceu para ele"
Mas alô mulher hétero: descentralizar homens é preciso.
Falar sobre sonhos, dinheiro, angústias e construir novas realidades a partir disso parece uma promessa de futuro bem mais compensatória do que o prazer leviano de uma boa fofoca sobre boy. Nutrir diversas relações de afeto com amigos, familiares e conhecidos ajuda que a gente não caia no buraco da monocultura das relações, além de nos ajudar a olhar para a vida sob outras perspectivas, para além daquelas “do casal” ou “do que podemos construir juntos”.
O pessoal é político: converse com suas amigas sobre os seus projetos e construa uma validação para além da masculina. Apoie o rolê das suas amigas, enalteça suas qualidades e criem juntas um ambiente seguro de apoio mútuo. É isso que a maioria dos homens fazem: amam e apoiam outros homens. Ame e apoie e suas amigas. E deixa o papo sobre homem pro tempo que sobrar.
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